quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Música Brasileira de 1950 a 2012

Pesquisa a alguns sites, seleções de música separado por décadas, o que resultou no texto abaixo. Não se refere a uma pesquisa científica, texto de opiniões pessoais. Foco na moralidade (costume, regras) das músicas brasileiras, com paralelo aos acontecimentos no país. A moralidade é algo muito amplo e portanto muito complicado generalizar a todo uma geração ou a um povo, mas aqui será trata como qualquer forma de expressão musical que quebre os costumes da época ou que faça alusão ao sexo, drogas e violência.

Surgimento da música
Por falta de registro e evidências o surgimento da música ainda é uma incógnita.  Mas acreditasse que a música tenha surgido ainda entre os homens primatas. Inundado de empolgação, glorificação e demonstração de força, os homens “das cavernas” descobriram que o choque de seus membros contra seu corpo ou contra o solo gerava um som abafado, e em estados de euforia os balançava e batia a mão e os pés demonstrando a empolgação por conseguir uma caça, pela chuva ou por ter se acasalado dando iniciou aos primeiros resquícios de música.
Os gorilas batem com o máximo de força em seu peito para conseguir um som que ecoa longas distâncias avisando aos machos que se aproxima que ali já existe um macho alfa e espanto inimigos.  Assim também faziam os homens primatas, em situação de perigo criando barulhos e movimentos com o corpo para assustar os predadores e intimidar os oponentes.
Nessas situações de empolgação de sua barulheira de entusiasmo começam a soltar sons com a boca, gemidos e roncos, e assim nasce a música, que posteriormente é utilizado instrumentos como madeira e pedra para ritmar a algazarra. Deve destacar também que os mesmo deviam se encantar com os sons da natureza como o sopro do vento, o barulho das quedas d’água, e animais como os pássaros.

Anos 1950

A música embala gerações, expõe sentimentos, mostra a cultura, forma de pensar, e a situações da sociedade décadas após décadas até chegarmos nos anos 1950 no Brasil, quando as músicas era propagadas com o rádio nos famosos anos dourados.
As famílias se reuniam em torno do rádio na cozinha ou na sala, após o jantar, para ouvir nobres cantores enquanto faziam digestão antes de irem dormir. Entre grandes avanços tecnológicos, científicos, culturais e comportamentais uma minoria de cantores que exponham seus sentimentos de forma tétrica, uma aproximação das óperas e forte utilização instrumental para falar de seus corações partidos ou de seu amor por alguém cantado de forma sutil e delicada como fez a cantora Maysa.
Iniciava as primeiras transmissões da televisão no Brasil que transmitiu a copo do mundo no país do futebol as músicas também falam da situação da terra e do solo em canções regionais com grande sonoridade como Asa Branca de Luiz Gonzaga. Quantos acontecimentos marcam essa década: Suicídio de Getúlio Vargas e eleição de Juscelino Kubitschek , o inicio da Petrobras. Elvis Presley no Rock’n Roll começa a fazer sucesso no Brasil e surge os Beatles.
Agitando a moçada as marchinhas e os sambas  levam alegria e contentamento aos baleis depois da missa, sem palavras de baixo calão ou duplos sentidos as músicas dos anos 50 embalaram a sociedade nos “dois pra lá e dois prá cá”. No final da década a Bossa Nova dá inicio a uma nova estrutura musical, um ritmo de samba misturado com o jazz estadunidense ganha o mundo com garota de Ipanema de Tom Jobim.


Maysa traduzindo música fransesa de Edith Piaf

Anos 1960

Assim como o surgimento do computador pela IBM é iniciado um novo período histórico na música brasileira: os anos de rebeldia na década de 1960. A década inicia com o homem chegando a lua, a TV ganha cores enquanto o muro de Berlim é erguido, o mundo em oscilação e as músicas tentam animar mais a população, as letras exalta as belezas Brasileiras: a natureza, a sensualidade das mulatas, a gentileza de um povo animado.
O Samba embalando o povo enquanto o movimento hippie, que pregava amor e paz, queria romper a forma como pensava a sociedade, queriam mudar os estilos de música, de vida, um liberalismo renovador que começava a ganhar força no Brasil. Jovens se reuniam em grupos nas praças para amar uns aos outros sem regras, sem moral, sem espanto, rasgando as ideologias e colocando os pais loucos e as mães na igreja para rezar pelo perdão aos filhos pecadores. É inaugurado o Museu de Arte de São Paulo- MASP, enquanto no Rio os intelectuais se reuniam de madrugada em apartamentos para criar sua Bossa Nova o que não agradava aos vizinhos e por isso as músicas eram feita em tons leves e calmos, a voz baixa e serena, harmonias a serem cantadas ao pé do ouvido.
 A juventude rasgava a moralidade e levavam o liberalismo e contracultura gritados em notas musicais nas ruas enquanto as fofoqueiras resmungavam “Valha-me Deus, coitado de dona Joaquina e Senhor Serafim, perderam seu filho pro demônio”. Para piorar as coisas o demônio vestia vermelho e cheirava futuro.
Nesse meio tempo contrariando a todos Darcy Gonçalvez, apresentadora e artista grava o sucesso musical “a perereca da vizinha” entre outras marchinhas consideradas imprópria, mas que rapidamente caiu no gosto da criançada e de tios bêbados.
Movimento Juvenil em alta, Estudantes ganhando espaço e as lutas sociais as ruas. O Rio de Janeiro deixa de ser capital do Brasil que passa para Brasília e em pouco tempo soldados preocupados com a ordem brasileira e o surgimento do comunismo, já que o povo fazia barulho de mais acordando a vizinhança para um despertar de consciência, tomam o poder e se alto proclamam reis.
Boom dá música popular. Os jovens transformadores que até então encontraram o conservadorismo uma barreira agora se deparam com a força para silenciá-los. Que excitação, que tensão. Reunidos em becos para criarem suas músicas e continuar na luta pelo florescimento das mentes.
Um ano após o golpe que silenciou e reforçou o moralismo, sendo as peças teatrais, programas de TV e principalmente as músicas, censuradas e controladas surge o Festival de Música Popular Brasileiro com a primeira vitória para “Arrastão”: Quanta garra, quanto força, quanta energia, Elis Regina começava a ganhar os holofotes.



Atrás das câmaras os jovens viam no festival a forma para se expressarem e levarem a todos suas mensagens, o complicado era passar pelos militares sem serem percebidos, nessa busca por esconder as mensagens nas letras das canções surge uma nova onda musical, sem regras, sem forma: o tropicalismo.  Jovens sobiam nos palcos com vontade de mudanças e saiam com troféus e reconhecimento da platéia, Caetano Veloso, Gilberto Gil, os Mutantes, Tom Zé, que cantavam com a alma, liberando seus “gritos presos na garganta” com Elis Regina, Geraldo Vandré, Chico Buarque entre outros novos pops stars que começavam a agitar e dar força a juventude oprimida pela ditadura, que por sinal  não dançavam com as canções e sim extravasavam em gestos a garganta entalada o cérebro pressionado pela força, afinal não haviam “tempo de temer a morte”. 
Toda aquela mudança cultural e quebra de imoralidade eram camufladas nas canções cheias de duplos sentidos e formas de serem interpretadas que mudaram, com ajuda dos festivais, a cultura musical de um país inteiro. Os anos de 1960 foram um marco para a história da música brasileira, foi o surgimento de grandes heróis nacionais além de canções que até hoje são consideradas hinos de lutas, foi também, o surgimento de um imenso repertório para abertura e temas de novela. 

Anos 1970

Com o medo a solta e o clima de restrição no ar vira o século. O Brasil começa o ano 1970 levantando sua terceira taça na copa do mundo no México enquanto aqui se iniciava “os anos de chumbo”, os militares tinham cada vez mais poderes e a sociedade mais silêncio quando lançam o logo "Brasil, ame-o ou deixe-o" levando muitos cantores e compositores, escritores, artistas e professores à tortura e ao exílio do país, expressões artísticas censuradas em massa.  
Depois de encontrar muita resistência as lutas pelas transformações musicais começaram a ser sufocados e perder espaço. A Bossa Nova ganha mais força e as poucas músicas revolucionárias mais tristes com o tamanho derramamento de sangue, muitas bocas silenciadas. O conservadorismo teve maior espaço e os velhos podiam freqüentar seus bailes tranquilamente, pois os militares garantiriam a ordem e a moral, enquanto os jovens apenas podiam ir para seus quartos chorarem e esboçarem em papeis suas tristezas e frustrações. 



Os militares passam pela sua melhor fase: tem poderes suficientes para tirar a vida de quem quer que seja; os conservadores os apóiam, pois garantiam a moral e a boa conduta, o povo alienado com a popularização da TV em cores e a economia dá uma guinada com o “milagre econômico”, se tornam então o  “pavão misterioso: pássaro formoso, um conde raivoso” que por sinal eram “muitos...mas não podem voar” e Elis Regina tenta acordar a juventude sufocada de que “Viver é melhor que sonhar” e que apesar de tudo pouco se havia conseguido: “Minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo o que fizemos ainda somos os mesmos e vivemos... e vivemos como nossos pais” no conservadorismos na mesmice “Por isso cuidado meu bem há perigo na esquina eles venceram e o sinal está fechado prá nós que somos jovens...” e excita a moçada que para fazer as mudanças “É que se fez o seu braço, o seu lábio e a sua voz...”.  
Aproveitando a crise mundial do petróleo e enfraquecimento do governo, os jovens começam o “tudo ou nada” e com os corações amargurados ganham as ruas, cheios de revolta. Alguns exilados vão voltando para o país e o governo começa a ceder a redemocratização o que impulsiona cada vez mais os jovens e populares a lutarem por seus direitos.  Os anos 1970 chegam ao fim caracterizado pelo silenciamento das expressões artística e músicas que se tornariam símbolos da MPB com sucessos dos festivais de música. 

Anos 1980

No cinema é lançado o filme Star Wars e e se inicia os anos 1980 com a fundação do Partido dos Trabalhadores. O rock, ritmo que dividiu a população brasileira abriu as portas para a cultura estadunidense e Michael Jackson ganha as paradas de sucesso de todo o mundo com o álbum Thriller.
“Brasil, mostre tua cara, quero ver quem paga para a gente viver assim” e cada vez mais as pessoas iam para rua com os “Diretas Já” com o apoio de famosos e jogadores de futebol, a juventude de cara pintada dá um basta na ditadura.
 Em 1986 o cometa Halley faz sua aparição, um ano após a descoberta do buraco na camada de ozônio. Músicas estadunidenses em alta e nossos cantores começam a virar a casaca e cedem as letras em inglês embalando a juventude apaixonada para formarem a nova geração, e nasce em 1984 o primeiro bebê de proveta no Brasil, mesmo ano em que o SBT criado em 81 transmite o seriado “Chaves”. Os traços das músicas norte americana estão em todo lugar carregadas de sentimento de paixão e amor entre jovens. Se os hippies dos anos 60 e 70 queriam sexo livre, agora as mocinhas recatadas iam para os Chevettes de seus namorados fumarem, ouvir Tim Maia e Rosana (amor e o poder) no rádio do carro e admirar as estrelas, enquanto seus pais eram cada vez mais alienados pelos programas de auditório da TV.
Surge alguns cantores revoltados, de idéias renovadores como Cazuza, Gal costa e um “restim” de Elis Regina para alegrar os poucos jovens que sobraram da onda de mudança, os outros estavam em casa preocupado com a programação da TV e os filmes em cartazes, se não com o lustre de seus “carangos” ou correndo atrás daquela mocinha do 81.
Juventude apaixonada vestia suas roupas coloridas, meias xadrez e jaquetas de couro para irem aos bailes, cheio de luzes piscantes, para esfregarem freneticamente seus pés no chão liso e agitar os braços em movimentos desordenados. A população agora obedece mais as modas ditadas pela TV e pelo cinema estadunidense.
Em 1988 é criada a constituição Brasileira que dariam direitos de liberdade a todos e separa a igreja do poder, que começa a perder gradativamente seus fies para os famosos programas de auditórios e os pecados mundanos. O samba ganha um ritmo mais carnavalesco agitando, os churrascos nas lajes, dividindo espaço com Wando. O século vai chegando ao fim com a queda do muro de Berlim.






Anos 1990

Shows de grandes multidões começam a se fortificar dando sucesso a várias bandas, o que faz com que a moçada, já alienada, almeje por sucesso surgindo pequenas bandas por todo o país, crianças que antes queriam ser jogadores de futebol agora sonha em fazer playbacks nos programas de auditórios de domingo e assim chega os anos 1990.
Os anos 90 mal começaram e inicia a comercialização de sojas transgênica, a URSS- União das Republicas Socialistas Soviéticas- deixa de existir e os EUA invade o Iraque na Guerra do golfo ou Guerra do Vídeo Game como ficou conhecida, não era à toa, o mundo estava cada vez mais tecnológico e as transformações aconteciam muito rápido como disse Lulu Santos “nada do que foi, será do jeito que já foi um dia [...] Tudo que se vê não é igual ao que a gente viu há um segundo, tudo muda o tempo todo no mundo”. Mas a mente humana não podia acompanhar tamanhas transformações numa velocidade tão curta como se deu, portanto preferiram se acomodar em frente à TV, com suas latinhas de cerveja enquanto os que pensavam mudavam os rumos do mundo.
As pessoas, para ficar mais próximo dos avanços tecnológicos, foram indo em massa para as cidades que tiveram seus mapas redesenhados. Começa a fabricação desenfreada de música, mas não foi realizado controle de produção e algumas “laranjas podres” começam a aparecer, músicas bregas, letras vagas, ritmos animados.
Em 92 a juventude volta a se reunir na campanha “fora Collor” que mantinha um sistema de corrupção e altos níveis de inflação. A UNE- União Nacional dos Estudantes- reuni centenas de estudantes de “caras pintadas” e retiram o presidente colorido do poder. O rock aparece, agora, para levar a moçada para a reflexão social e soltar seus gritos contra a situação em que o mundo vivia.
Mas dessa vez o mundo estavam perdendo pessoas criticas e surge outra vertente do rock, com o objetivo de satirizar o mundo e alegrar seus ouvintes, Mamonas assassinas, surge com Playbacks fajutas levando as pessoas à loucura, e os poucos cristãos moralistas a acreditar que eram sinais do apocalipse.
Em 93 os Brasileiros vão às urnas num plebiscito para decidir o novo sistema de governo e ganhou o sistema republicano presidencialista. O forró, o Sertanejo e o pagode garantia a melodia aos cachaceiros das 16:00h nas mesas dos bares dos centros urbanos, nesse cenário aparece a música que até hoje não sai dos fundões dos ônibus de excursão: “A barata” do grupo só para contrariar.
Surgem personagens para mexer com os fetiches sexuais dos marmanjos: tiazinha e feiticeira, que acabam virando símbolos infantis tornando álbuns de figurinha para os meninos e fantasias e temas de sandálias para as meninas. Aparece na televisão bonde do tigrão com um dos sucessos “cerol na mão” e Vanessinha Pikachu com ”dança da motinha” o que era considerado sem moral, conteúdo impróprio e pornográfico pelas poucos pessoas que se importavam com moral.
Os brasileiros com o coração acelerado vê de suas poltronas o tricampeão mundial Ayrton Senna chocar seu carro de corrida com o muro de contenção e mais tarde a confirmação no plantão da Globo onde Roberto Cabrini anuncia: "Morreu Ayrton Senna da Silva... Uma notícia que a gente nunca gostaria de dar." A tristeza brasileira é recompensada com a vitória do Brasil na copa do mundo alcançando o título de tetra-campeão.
A igreja católica perdendo mais seguidores que eu no twitter e a televisão ganha força e dita  a moralidade da sociedade que não tem limites e começam a sair músicas com idéias mais sexuadas como o “segura o Tchan”, “o pinto”,”vem neném” e outras músicas que embalaram os carnavais da Bahia como “xô satanás” que deu muito trabalho aos pastores evangélicos que agora surgiam em pencas. O sertanejo de Raiz faz sucesso nas galinhadas de domingo na fazendo do vovô que competiam com cantores mais pops como Leandro e Leonardo, Chitãozinho e Xororó, Leonardo e Daniel entre outros.
Para desestruturar mais ainda a igreja o homem resolve brincar de Deus e cria o primeiro clone de um mamífero, a ovelha Dolly. Neste mesmo ano é criado o Windows 95. Mas como tudo que chega tem de partir, o Plantão Globo informa o Brasil da queda do avião que levava os integrantes da banda mamonas assassinas.
Raimundos arrastando multidões, Fernando Henrique Cardoso é eleito presidente do Brasil. É leiloado a maior empresa de minério do país: vale do rio doce, e como aqui tudo é festa, os ritmos baianos ganham espaço e passamos a viver o carnaval o ano inteiro abafando aos poucos Tim Maia, Marisa Monte, Gilberto Gil e Caetano Veloso.
Com os sucessos de Michael Jackson, Madona, Shakira, Prince, Ozzy Osbourne, Bon Jovi, Peter Gabriel e Celine Dion surge em 98 a empresa Google. E num mundo com transformações ocorrendo o tempo todo a uma velocidade nunca inimaginável, os filmes de ficção científica ganham vida aos olhos de todos, e os jovens correm para ter suas vidas transferidas para os vídeos games. As músicas passam a ser criada em massa sem seguir padrão ou regra. Os católicos não praticantes ocupam os bancos das igrejas esperando a virada do século que marcaria o Bug da informática e o fim dos tempos, o ponto final da vida na terra.



Anos 2000

Com um terço em uma das mãos e uma latinha de cerveja na outra o milênio virou e entramos num novo século, numa nova era. A roubalheira no congresso nacional era escondida pelas gostosas na banheira do GUGU. Ivete Sangalo fazendo pular os corações apaixonados no seu ritmo baiano, sertanejos como Sertãozinho e Xororó, Zezé de Camargo e Luciano e só Leonardo ocupam os maiores pedidos nas rádios. 
É preso o ex juiz Lalau, se tornando sinônimo de ladrão, e a molecada começa a criar sátiras para a música morango do nordeste de Karametade. O papa João Paulo II vem a público pedir PERDÃO pelos erros cometidos pela igreja católica nos 2000 anos anteriores. “Ana Julia” música de Los Hermanos não sai da boca da criançada que esfregavam a mão em frete as pernas nos recreios ao som de “xibom bombom” com as meninas e bragaboys nos “movimentos sexys”,  e a juventude brasileira estava ocupada acompanhando o lançamento do Playstation 2, ou ainda estavam presos as música de outros anos. Por incrível que pareça, Sandy e Junior fazia sucesso nas festas de 15 anos e nos Walkman da garotada. 
Tudo pronto. Não se parava de ouvir falar nas comemorações do “Brasil 500 anos”, mas manifestantes tiraram os holofotes da mídia e a replica da caravana utilizada por Cabral na descoberta do Brasil de mais de 4 milhões de reais não conseguiu zarpar por problemas técnicos e o Brasil começa a ser considerado o país do futuro. Uma tragédia. o surgimento do KLB marca os anos 2000 o que coincide com o afundamento de um submarino nuclear Russo.
Ano das privatizações e redução do papel do Estado, a Globalização atinge níveis inimagináveis e a população cai nas redes sociais. Sai o livro quarto da série Harry Potter, Raimundos grava seu primeiro álbum com sucessos como “mulher de fases”.
Jornal nacional passa a ser apresentado por Fátima Bernardes e Willian Bonner . Clipes sensuais e músicas de duplo sentidos são bem aceitos pela população que julgam moral e não vê problema em ver seus filhos imitando as danças, pois já havia passado no GuGu ou no Faustão então estava liberado.

algumas dos anos 90, mas os vídeos abaixo representa bem o que foi os anos 1990 e 2000




Ano de 2001 a 2005

O Ano vira e 2001 o primeiro ano do milênio começa numa segunda-feira (01-01-01 01:01). Em São Paulo é formado o grupo NXZero. No programa Xuxa park um incêndio destrói o cenário ferindo algumas crianças. “Por te amar tanto assim” de Marlam e Maicon e “dormi ma praça” de Bruno e Marrone ocupam as paradas de sucesso.
Com a difusão da tevê as pessoas perderam o senso de ridículo e começam a ouvir e venerar qualquer tipo de música que sai na telinha nos domingos. Músicas puxadas para um novo tipo de sertanejo, pop e brega faz grande sucesso.
Terremoto na Índia deixa cerca de 2250 mortos, Rouge grava seu primeiro disco. O plantão da Globo rompe a monotonia de domingo para noticiar morte de Cássia Eller. E o ano chega ao fim.

2002 começam com a circulação do Euro em 12 países. “Carla” de LS Jack meche com os sonho dos garotos de formar um banda e encantar as garotas do colégio. Entra no comercio  brasileiro uma nova cédula: a de 20 reais, é transmitido a primeira temporada de Big Brother Brasil. O sucesso fica para The calling, Avril Lavigne, Rouge, Nickelback. Brasil conquista a quinta copa do mundo, Vanessa Camargo é convida nos programas de TV para cantar “tanta saudade”. Momento histórico: com mais de 53 milhões de votos é eleito o primeiro presidente sindicalista do país.

Em 2003 Lula assume o poder. Pagode ocupa as músicas mais pedidas nas rádios. E ouvindo KLB o ano vira e 2004 se inicia com a criação do Orkut. Netinho de Paula ocupa as listas de mais tocada no rádio. O Brasil pára para saber “quem matou Lineu” no último capítulo da novela Celebridade. Ao som de Wanessa Camargo o ano termina. Em 2005 o mundo se choca com a morte de João Paulo II. Marjorie Estiano sai de “malhação” para fazer sua carreira de sucesso como música. Ondas de escândalos de corrupção nunca vistas na história ganham as capas da VEJA e os noticiários da TV. Bruno e Marrone fazem rosas chorarem e KLB continua na lista das mais tocadas.

Nossa realidade

Os anos vão se passando e a elite da música começa a ocupar seus meios músicas bloqueando a entrada de novos estilos ou novos artistas, mesmo assim alguns novos ritmos e bandas ganham espaço e conseguem alcançar grandes multidões.
As canções brasileiras passam a ser composta de letras sem conteúdo embalando as pessoas pela batida e não pela sua letra. A TV, nas novelas e nos programas, ditam o que se deve ouvir, quais os melhores cantores, o que é música de qualidade o que não é, o que são músicas antigas e o que são músicas eternas, e não há ninguém que possa contestar. Os pequenos novos cantores e bandas que tentam ir contra essa corrente são terrivelmente abafados por ruídos considerados como músicas.
Nos morros e favelas comando pelo tráfego de drogas e, portanto aonde a lei não chegava dois tipos de música tinham força: o Rap que relatava a violência da região e o funk, um tipo de música que sempre teve presente, mas isolado em bailes fechados e em comunidades carentes, com batidas empolgantes, letras repetidas e picantes.
No Brasil chega uma nova tecnologia: celulares com transmissores de dados de um aparelho para o outro sem gasto, e assim de celular em celular tocando no auto falante no fundo do “busão” o fank e o Rap saiu do restrito e foi parar nas salas de aula, nas casa, e nas cornetas dos carros que circulam a cidade com o som alto, e chegou na telinha alcançando público inimaginável.  Agora as velhinhas moralmente corretas não conseguem mais tampar seus ouvidos para essas músicas que não sai das ruas e nem dos megafones dos celulares dos fankeiros.
Tudo isso contribui para uma crescente produção de música desses estilos em especial o funk que excita as pessoas no batidão. A letra do funk faz alusão ao sexo, a sexualidade precoce, a drogas e outras imoralidades que até então causava espanto na sociedade.
Comparado com outros países o Brasil é um país ainda muito conservador, inda mais no que se refere ao sexo, o assunto ainda é um tabu entre muitas famílias e cidadãos. Países mais antigos como os europeus contam com o sexo presente em museus e estátuas já nas ruas, aqui apesar de ser um país de poucas roupas, sensual e caliente o sexo é algo que até então pouco se via ou ouve dizer, conversas sobre o assunto só em rodinhas com todo sigilo absoluto. Com o funk a censura está sendo derrubado e o Big Brother vem ajudar a tornar o sexo um tema comum. O funk que não mede suas palavras perde a noção colocando na cabeça das pessoas uma certa obrigação no ato sexual, além de tornar a mulher objeto sexual e a competição masculina questão de honra. 
Fato é que até as pessoas mais morais tem de lutar muito para não cair na batida do Tchu tcha, tchu tchu tchá e “jogar a mão pro ar”. Os cantores devem ser conscientes do que falam nas músicas e as pessoas devem prestar atenção no que estão ouvindo e separar música como forma de entreter e como forma de ditar regras. Os pais devem tomar cuidado com o que os filhos ouvem, isso vale também para o que eles assistem, a TV (seja nas novelas ou nos programas) e o cinema que está cada vez mais sexualizado. A erotização precoce pode ser um problema para as crianças, para as famílias e até para a sociedade.
Enquanto a discussão da moralidade dos funks começa a surgir a maioria das pessoas optam por ouvir músicas estrangeiras. Músicas estadunidenses enlatadass, massificada, criada para propagar uma certa “cultura norte America” e invadir as culturas mundiais, não entrarei na questão da dominação das nações, mas abandonar a cultura brasileira é um risco para a soberania do país.
Vez ou outra, sozinhos e isolados, surgem entre grupos de amigos, bandas que tentam resgatar alguma qualidade do passado, ou criar algo realmente bom, cultural e inteligente, mas é abafada pelos poderosos da música e da mídia que já retiraram os miolos dos ouvintes.
O Brasil possui um conteúdo cultural muito bom, mas esse conteúdo não chega a massa. “cachorro não gosta de osso, cachorro gosta de filé mignon, mas dão osso para ele roer, então, sem opção, ele roe, logo conclui se que ele gosta de osso”, o mesmo acontece com o povo brasileiro, nós não gostamos de ossos, mas o que nos dão são ossos somente. Portanto precisamos passar por uma reforma cultural, e valorização do nosso conteúdo, incentivar novos artistas e novo conteúdo cultural, mantendo a soberania nacional e o patriotismo. 

                     

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

O homem que revolucionou o inferno (parte um)


O inferno é um lugar horrível, ali você mal terá tempo para pensar em seus erros, pois será tarde demais, agora irá pagar por tudo que fez de errado, sofrerá na pele todo o sofrimento do mundo, e está é a única forma de tentar entrar no céu.
Rogério Dávida da Silva um pensador quando esteve na terra, passa tardes e madrugadas em sua biblioteca particular, Teve quatro filhos, mas a casula morrera de septicemia quando ainda era bebe, diziam as más linguás que foi praga de Deus, quando jovem frequentava a Igreja, o grupo de jovens e até cantava no coral da igreja, deixou essa vida pensando que tudo não passava de promessas e não deveria esperar a terra prometida e sim deveria construir seu mundo melhor ainda em vida, por duvidar da palavra divina teria sido castigado, falavam os fiéis. Trabalhou duramente, mas não dava esmola aos pobres, pois acreditava que não era assim que resolveria seus problemas. Aos domingos assistia os jogos de futebol berrando palavrões. Na política não participou de lutas populares, achava que eram apenas idealizadores de interesses únicos e não de todos; foi eleito vereador com apoio de empresários; criou uma lei que proibia símbolos religiosos e a pregação da palavra santa na câmara municipal o que gerou tanta polêmico na pequena e conservadora cidade de Santa Marcela que o fez desistir de tentar se reeleger. Perdeu a esposa aos 40 anos em um acidente de carro, e passou a ter uma vida boêmia, virando noites bebendo e sofrendo pela a perca de seu amor, não ligava mais para a sociedade; Deixou o trabalho e caiu na bebedeira, começou a fumar, chegava a engolir a fumaça de 60 cigarros por dia; Aos domingos comprava pizza ou fazia churrasco com os filho; não tinha mais assuntos para falar com os vizinhos e parou de ir em festa de familiares distantes; xingava quem o olhasse por mais de 4 segundos na rua.
Quando seu filho mais velho se formou na faculdade conheceu uma professora e os dois se apaixonaram,  casaram-se, ela tinha uma filha, e depois que os filhos ficaram independentes saíram viajando pelo mundo, tinha uma coluna no jornal estadual "Folha do amanhecer", escreveu dois livros: um sobre seu sofrimento depois da morte de sua primeira esposa chamado "o lado fraco da vida" e outro sobre viagens ao oriente médio.
Com 65 anos de idade estava escrevendo um livro sobre imoralidade quando teve um infarto e acordou no inferno, não recebeu muitas explicações de quem o recebeu, um velho com olhos triste e roupas pretas com a barra suja de barro: "bem vindo ao inferno, aqui você verá todo o sofrimento do mundo em seu próprio corpo, seja bonzinho, ao contrário de sua vida aqui você não terá muita escolha, você está morto".
Saiu tropeçando na lama, ao som de suspiros e lamentos passou por homens e mulheres que se encolhiam em cantos sombrios olhando tudo com pavor. Teve de se esquivar das garras de um mostro que jogavam as almas para todos os lados como as hélices do liquidificador. Se deitou em uma poça de lama para se esconder dos cães que rasgavam as almas pecadores,  ao som de gritos dolorosos e pavorosos caminhou por quase todo o inferno vendo almas acorrentadas sendo chicoteadas, afogadas, congeladas, queimadas, cortados entre tantos outros sofrimentos alguns pediam por socorro. Então em um lugar onde não ouvia nada além do silêncio se espremeu em uma sombra e ficou ali tentando digerir tudo que acabará de ver.
Como podia estar ali? Era porque não frequentava mais a igreja? será que era por não ter ajudado os mendigos? Estava pagando por levar uma vida de luxúria e Avareza? Será que foi por cobiçar uma vida melhor? Tudo o deixava muito confuso, mas o frio, o medo, e aquela sensação de sofrimento o fizeram cair num profundo sono.
Ele descobriu então, porque todas aquelas almas estavam ali sofrendo, elas não foram almas "pecadoras" de fato, ali não havia ninguém que tivesse cometido algum crime terrível, ali estavam pessoas que durante a vida pensaram de mais, pessoas que souberam de mais, pessoas que agiram demais.
Eva comeu o fruto proibido porque a serpente disse a ela que aquilo abriria sua mente, ela veria as coisas como elas realmente são, ela veria o bem e o mal e realmente viu. As pessoas que estavam no inferno comeram do fruto proibido, questionaram suas realidades, abriram suas mentes, por isso estavam ali, sofrendo. 
Dávida tinha um plano, conseguiria sair dali, mas teria que sofrer muito, pensando. Primeiro ele tinha que dar o fruto do pecado para aquelas pobres almas novamente, pois elas estavam cegas por aquilo que não existia, aquele sofrimento todo estavam em suas cabeças, então quem sabem todos juntos não poderiam usar os pensamento a favor.
Foi quando ele viu uma luz estranha, um vermelho que ardia mais seus olhos do que os fleshs da máquina fotográfica de Ana, sua ultima esposa. Era uma luz avermelhada como o sol das quatro, um calor "dos inferno" queimava sua pele, fazia força para abrir os olhos, mas era como olhar para o sol. O cheiro de enxofre causava tontura. Curvou a cabeça colocando-a sobre o ombro direito e abriu um pouco os olhos, não podia ser... O diabo em pessoa!  
Um senhor, muito simpático, cara de contador de piada, com um sorriso maldoso olhava todas aquelas almas ajoelhadas suplicando por ajuda. Era baixo, talvez uns 170 cm, barbicha, colete de couro, parecia um motoqueiro, mas pelo jeito gostava era de samba e cerveja. 
Chegou próximo de Rogério que agora pudia ver melhor a personagem do capeta, pois a luz havia diminuído. O velhote olhava o recém chegado com desdem de baixo para cima:
-Quem foi o idiota que te mandou para cá? vem, estava precisando ver alguém com sua capacidade de pensar. Sabe todo mundo aqui esquece que tem poder de pensar, por isso eu os faço sofrer, sofrer sobre seus próprios pensamentos, não sou um gênio?
Nada tinha Rogério a responder a não ser segui-lo rapidamente se escorregando na lama.
-Não deram valor em sua mente, por isso pagam seus castigos. Você acha que Deus em sua plena bondade faria mal a algum de seus filhos? Nem a mim ele fez ia fazer a pobres coitados? resolvi dar uma ajudinha e faço eles verem suas burrices, mas quando acordam que podem pensar e se rendem do sofrimento eles podem entrar no Céu, onde são muito bem vindos e compartilham dos mesmos pensamentos: Bondade, igualdade, fraternidade, liberdade.
Rogério Dávida estava certo, o satanás havia confirma sua teoria: "o inferno é a porta para céu".

O homem que revolucionou o inferno (parte dois)


As pessoas não tem medo mais do inferno, com exceção de uma minoria barulhenta que faz culto ao senhor das trevas como castigador dos que não seguem as leis divinas, o restante já levam toda a história como fato fantasioso, hoje é tema de música, de filme, desenhos, jogos de vídeo games, camisas, grupinhos de adolescentes banbanbans e revoltadinhos etc e tal.
-Para os humanos o inferno perde seu sentido gradativamente, e como resposta aqui está, assim como os shoppings centers, as estradas, os hospitais, as filas de banco, o INSS, a praia de Santos, o santuário de nossa senhora aparecida, os hotéis, os comércios, as cracólandias, as penitenciarias e os cemitérios: lotado!- Dizia o Demônio enquanto aproximavam-se de um grande palácio gótico com um elegante portão de ferro polido. Entraram, lá dentro, salões amplos com as paredes lotadas de suvenires. sentaram em uma poltrona de coro enquanto eram servidos com cerveja gelada.
-Não se preocupe, essa é diferente, não possui álcool.  Não via uma alma como você aqui há anos e por isso quero sua ajuda, esse será seu castigo antes de deixá-lo ir para o céu, estou com preguiça de pensar muito, e como você acaba de morrer sabe bem como está a terra lá em cima, eu nem vou mais lá, se for vão me cultuar ou me eleger um ídolo. Prefiro não desagradar o todo poderoso.
Dávida ouvia tudo com muita atenção, mas mantinha se receoso, não se pode muito confiar em alguém com a fama do Satanás. Ainda era confuso para ele, como poderia ajudar o velho senhor das trevas? Não seria melhor abrir a mente das almas pecadores e fazer um motim? mas para onde fugiriam?.
-O céu é um lugar extra-desenvolvido, algo inimaginável, tudo que existe na terra foi invenções enviadas de lá. Mas Deus é tão bondoso que até nisso ele pensou: deixou vocês tentar melhor os sistemas que ele manda em vez de dar tudo de "mão-beijada". Queria ele que cada um de vocês deixasse sua contribuição para o desenvolvimento da terra e da humanidade, mas vocês se perderam, e muito poucos seguem seu destino. O egocentrismo os cegou, vocês pensam que devem viver suas vidinhas e pronto... com certeza virão para cá. Esqueceram que fazem parte de um todo e ajudando a humanidade estão se auto ajudando. Eu estou velho e quero mudança, não quero desapontar o bom velhinho entende?
Rogério queria dizer que não, entretanto não teria tanta coragem. Ouvirá a vida todo que os dois eram inimigos, porque o Demônio ajudaria Deus?
-Criatura, você não percebe que eu sou do contra. Faço isso porque o velho jamais o faria, fizemos um acordo de paz, ele não interferiria nos meus negócios, com condição de todos que viessem para cá teria o perdão quando quisessem e por isso ele teria livre acesso aos arrependidos. Eu também não sou tão mal, a escolha é de vocês de vir pra cá. Aqui poderia ser um lugar melhor se viessem com bons pensamentos, mas não, chegam aqui imundos de maus Apotegmas. Só que agora eu quero contribuir mais para a evolução humana, quero que as pessoas veem o que estão fazendo de errado em vida, antes aparecia para eles e logo eles corriam para a igreja, as vezes pegava uns valentões que era um pouquinho mais complicado, e os padres passavam por apuros para ajudar essas pobres criaturas, mas hoje isso não dá mais certo, é muito raro quando funciona, no máximo vira série do Discover channel ou vídeo de humor do youtube.
Rogério absorvia todas as informações enquanto seu cérebro ia brotando idéias.
-Pensei em mandar mais catástrofes na terra para eles virem o que estão fazendo. Os poucos que tentam desenvolver a sociedade acabam destruindo mais que tudo, só que isso dá é mais Ibop para programas da tarde da tv e jornais e revistas e isso não surtiria o objetivo desejado, então a natureza faz por si própria. Já pensei em fazer uma daquelas famosos matérias compradas da VEJA, ou uma reportagem especial no Domingo espetacular, tudo seria frustrante, quem sabe aparecer numa transmissão passando na lua? Não! O povo iria fascinar, isso se as classes dominantes não inventasses que é coisa dos comunistas e tudo ficaria por isso mesmo.
 "Por isso quero que fique aqui por mais um tempo", continuou, "pense o quanto puder e tente me ajudar a  fazer o arrependimento da vida perdida contribuir com o desenvolvimento  dos que continuam na terra, pelo menos assim vão mais rápido para o céu e alivia um pouco o fluxo aqui, lá cabe todos, aqui as coisas são mais complicadas." 
-Só preciso de um banho, papel e lápis, prefiro esquematizar meus pensamentos.- Tomou coragem para falar Dávida da Silva, ainda desconfiado da necessidade da ajuda do maléfico.
-Pensei que nunca diria isso, mas... "seu desejo será uma ordem". Tenho certeza que fará um bom trabalho... então, não me decepcione. 
Depois de um banho de horas, Dávida sentou em uma escrivaninha que arrumaram para ele e grandes blocos de papéis, então durantes as noites seguintes o lápis não parou de rabiscá-las nem por um segundo, afinal como disse o próprio dito cujo "esse era seu castigo": pensar.

O homem que revolucionou o inferno (parte três)

Criar um sistema inteligente, produtivo e que faria as pessoas acatar as ordens de Deus era a árdua tarefa de Rogério Dávida da Silva, só assim ele poderia ser perdoado por seus pecados e adentrar o paraíso divino prometido.
Muitas coisas passaram na mente de Rogério, ele começou com uma tempestade de ideia, tudo que pensava colocava no papel, teve centenas de ideias como por exemplo: criar centros de aconselhamento e alerta na terra para avisar as pessoas de que estavam se perdendo dos seus objetivos; coletiva de imprensa com o demônio; Encher a mente das almas dos pecadores de pesadelos, entre tantos outros, afinal ele teria de criar um sistema que fiseses as pessoas mudarem, temerem, e ainda não podia desapontar o senhor dos penosos, nada simples para uma mera alma pecadora pensante. 
Quando chegou a hora de decidir que faculdade seguir no final do ensino médio Dávida se reuniu com o pai, um operário que não admitia erros, rigoroso, não ligava muito para o lado sentimental, era o famoso "branco no branco, preto no preto" e a mãe, uma sentimental dona de casa, fiel não perdia um missa aos domingos, acordava toda madrugada para rezar o terço e lamentar a morte de Jesus, enfrentava o frio ou a chuva que fosse para ir as procissões de madrugada da quaresma, nunca deixou os filhos chorarem sozinhos, sempre esteve ali para abraça-los e contar uma parábola da Bíblia para consolo.
O pai em pé, perto da parta, a mãe abraçava o filho no sofá:
-Não admito vagabundos morando sobe esse teto, quero que faça algo que te garanta emprego, com os novos crescimentos imobiliários no novo século poderia fazer engenharia civil.- Começou o pai-
-Estava pensando em Letras... -tentou se defender.
-E vai viver de que? textos em jornais? isso até quando? 
Mesmo com vontade de fazer algo que o ajudasse a escrever seguiu as orientações do pai e cursou arquitetura, que por sinal não era engenharia civil, mas chegava próximo. Ia contrariado todos os dias para a escola e ficava anotando seus pensamentos frente os professores loquazes. De qualquer forma foi o que te sustentou por anos, construiu tudo o que teve trabalhando com a profissão. Com as noções que tinham, bolou mudar a aparência do inferno, que tal um lugar menos pesado, um lugar mais urbanizado. De buracos, falta de pavimentação, esgoto a céu aberto e matagal já bastava o Brasil.
Depois de pensar diversas alternativas era hora de começar a selecionar as melhores opções. O inferno não teria mais nove círculos/níveis e sim quatro, o que seria o suficiente para as almas se renderem e pedir perdão. Mesmo com a oportunidade de reformar o inferno que havia recebido, Dávida, carregava muito rancor da sociedade que só apontou o dedo e o julgou nos momentos de sua vida em que ele mais precisou, e não estava disposto a pegar levo nos castigos. Para melhorar faria um quinto nível, que para fazer jus ao nome seria onde residiria o anfitrião, antecedido do hall de entrada e setor jurídico. 
O chão agora seria ante-derrapante caso as almas precisassem se ajoelhar para lamentar; pisos claros para o reflexo das lâmpadas arderem seus olhos, as paredes brancas ajudariam atingir o objetivo além de dar a impressão de filme de terror, todos esperam a parte do susto quando tudo fica branco. Ah mas teria poltronas, macias poltronas, existe algo pior do que ter que lutar contra o sono? Em todos os níveis haveriam centro de apoio do céu para as almas que resolvessem ser perdoadas, e todos teriam saídas próprias diretas para o paraíso.
 Algumas quebras de protocolos aqui, um pouco de suborno ali, aquela forcinha amiga dali, e sem precisar de licitação nem alvará, todos as almas pecadoras estavam com a mão na massa chicote nas costas, para produzirem o novo inferno, e olha que nem foi preciso a presença da PM. Enquanto isso Dávida ia terminando os pequenos detalhes do sistema.
Recepção: os novatos seriam recebidos com muita alegria e sarcasmos por almas selecionadas (antigas pessoas rancorosas, pessoas que não sorriam ou cumprimentavam seus semelhantes em vida), ficariam confusos para onde teriam ido, estariam contagiados pela alegria até receber o flyer explicando que estavam no INFERNO. Não se preocupem ambientalistas, os papeis se dissolvem no tempo exato em que o pecador lê o ultimo ponto final e entra em desespero, alta tecnologia.
Cada nível teria repartições, etapas a serem cumpridas onde teriam de colocar seu cérebro para funcionar, coitado era os alienados, os que tiveram a mente corrompida e inundada de baboseiras durante a vida. No nível 1 os pecadores agora acomodados em deliciosas poltronas, produzidas com coro legitimo dos antigos monstros do local, eram conduzidos a reflexão por almas sem expressões, cada pecador viria suas piores expressões faciais nestes guias, os "guias espelhos" que diriam o que fazer: Pensar em toda sua vida e tentar encontrar o motivo de estarem ali, poderiam usar os tablets disponíveis para fazer suas anotações; cheiros, audição e tato o fariam sofrer bastante de saudades de respirar o ar da vida, o detalhe é que não poderiam dormir se não seus pensamentos os iriam castiga-los em seus pesadelos. 
O próximo setor os faria refletir sobre sua contribuição para a terra e seu objetivo da vida (por que não fez nada para o desenvolvimento humano? por que não foi a igreja? por que perdeu tanto tempo com nada? por que não amou o próximo?por que e mais porquês) as respostas nessa etapa necessariamente é obrigatória o que faria seus cérebros enlouquecerem, principalmente os espertinhos que tentassem mentir. Os mais desobedientes ou os com maiores número de pecados era retirado da atividade tempos em tempos para assistir um pouco de TV ou música, viam todos os piores programas já inventado pela humanidade e ouviam as piores músicas até não aguentarem mais e tivesse de se arrastar e implorar para parar.
No nível dois era onde as ideias seriam mais produtiva, pois as almas teriam que refletir no que elas poderiam ter contribuído para a humanidade, muitas coisas boas saiam nesse momento eram músicas, livros, tecnologias, sistemas, remédios, tinha de tudo e mais um pouco; em seguida tinham de analisar por que não a fez em vida, e então seu castigo era ver como seria se o tivesse feito e como de fato está já que ele não fez, o arrependimento era certo nessa hora e muitos já iam para o céu. Os mais resistentes passavam para uma outra atividade: melhorar as ideias que não foram aproveitadas em vida, algumas vezes tinham de melhor suas próprias ideias e construir o que poderia ter criado antes, outras vezes acabavam pegando as ideias de outras almas que já tinham se rendido e partido para o paraíso, tudo se complicava com a saudade e seus sentimentos os perturbando. As ideias arrumadas e que antes tinham sido desperdiçadas eram enviadas de volta a terra.
O terceiro nível era bem maligno, o ar fresco não existiam ali e tinham de fazer muito esforço para manter seus pensamentos concisos e conscientes, isso tudo sem poder cair no sono. Suas atividades não era nada simples: arrumar soluções para os problemas da atualidade como a bagunça da política, os motivos dos conflitos humanos, a destruição do meio ambiente, a diminuição da corrupção, a poluição e etc.. Aqui os capangas do capeta também eram mais furiosos e impiedosos pois não gostavam de perder tempo, os que ficavam enrolando muito já era mandado direto para o quarto nível, que por sinal era o menos ocupado. No nível 4 todos as ideias mais idiotas, todas as ideias que foram descartadas anteriormente ficavam ali e eles tinham obrigatoriamente que resolvê-las, algumas almas ficavam anos presas ali, mas tudo aquilo era motivante, eles já estavam confusos, esgotados, exaustos, mas sabiam que era a única forma de sair dali, alguns mesmo depois de muitos problemas resolver continuavam ali, esses ainda recebiam doses diárias das porcarias culturais que os humanos criavam.
No hall de entrada para a casa do capeta ficava os assuntos jurídicos, os advogados, alguns padres e pastores e muitos políticos que da recepção já iam direto para lá e ficavam a eternidade respondendo processos e reivindicações das almas, aqui o pagamento dos pecados foram censurados e só sendo um e morrendo para saber.
-Muito bom velho rapaz, fez um bom trabalho, mas pegou muito leve com essas almas pecadoras. Eu darei um jeito de piorar um pouquinho os castigos não se preocupe. Seu pecado foi perdoado e você já pode ir, está vendo aqueles homens ali no canto? siga os, eles te levaram para um preparamento para o céu. E tente não voltar aqui novamente. Eu darei um jeito de fazer que a terra saiba que passamos por mudanças e cobrar mais respeito, agora vá antes que te mande para o setor jurídico.
Dávida foi muito bem recebido no céu, e ficou embasbacado com tamanha tecnologia e avanço, um lugar muito superior a terra, a superioridade do céu era  realmente inimaginável.