quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

O homem que revolucionou o inferno (parte dois)


As pessoas não tem medo mais do inferno, com exceção de uma minoria barulhenta que faz culto ao senhor das trevas como castigador dos que não seguem as leis divinas, o restante já levam toda a história como fato fantasioso, hoje é tema de música, de filme, desenhos, jogos de vídeo games, camisas, grupinhos de adolescentes banbanbans e revoltadinhos etc e tal.
-Para os humanos o inferno perde seu sentido gradativamente, e como resposta aqui está, assim como os shoppings centers, as estradas, os hospitais, as filas de banco, o INSS, a praia de Santos, o santuário de nossa senhora aparecida, os hotéis, os comércios, as cracólandias, as penitenciarias e os cemitérios: lotado!- Dizia o Demônio enquanto aproximavam-se de um grande palácio gótico com um elegante portão de ferro polido. Entraram, lá dentro, salões amplos com as paredes lotadas de suvenires. sentaram em uma poltrona de coro enquanto eram servidos com cerveja gelada.
-Não se preocupe, essa é diferente, não possui álcool.  Não via uma alma como você aqui há anos e por isso quero sua ajuda, esse será seu castigo antes de deixá-lo ir para o céu, estou com preguiça de pensar muito, e como você acaba de morrer sabe bem como está a terra lá em cima, eu nem vou mais lá, se for vão me cultuar ou me eleger um ídolo. Prefiro não desagradar o todo poderoso.
Dávida ouvia tudo com muita atenção, mas mantinha se receoso, não se pode muito confiar em alguém com a fama do Satanás. Ainda era confuso para ele, como poderia ajudar o velho senhor das trevas? Não seria melhor abrir a mente das almas pecadores e fazer um motim? mas para onde fugiriam?.
-O céu é um lugar extra-desenvolvido, algo inimaginável, tudo que existe na terra foi invenções enviadas de lá. Mas Deus é tão bondoso que até nisso ele pensou: deixou vocês tentar melhor os sistemas que ele manda em vez de dar tudo de "mão-beijada". Queria ele que cada um de vocês deixasse sua contribuição para o desenvolvimento da terra e da humanidade, mas vocês se perderam, e muito poucos seguem seu destino. O egocentrismo os cegou, vocês pensam que devem viver suas vidinhas e pronto... com certeza virão para cá. Esqueceram que fazem parte de um todo e ajudando a humanidade estão se auto ajudando. Eu estou velho e quero mudança, não quero desapontar o bom velhinho entende?
Rogério queria dizer que não, entretanto não teria tanta coragem. Ouvirá a vida todo que os dois eram inimigos, porque o Demônio ajudaria Deus?
-Criatura, você não percebe que eu sou do contra. Faço isso porque o velho jamais o faria, fizemos um acordo de paz, ele não interferiria nos meus negócios, com condição de todos que viessem para cá teria o perdão quando quisessem e por isso ele teria livre acesso aos arrependidos. Eu também não sou tão mal, a escolha é de vocês de vir pra cá. Aqui poderia ser um lugar melhor se viessem com bons pensamentos, mas não, chegam aqui imundos de maus Apotegmas. Só que agora eu quero contribuir mais para a evolução humana, quero que as pessoas veem o que estão fazendo de errado em vida, antes aparecia para eles e logo eles corriam para a igreja, as vezes pegava uns valentões que era um pouquinho mais complicado, e os padres passavam por apuros para ajudar essas pobres criaturas, mas hoje isso não dá mais certo, é muito raro quando funciona, no máximo vira série do Discover channel ou vídeo de humor do youtube.
Rogério absorvia todas as informações enquanto seu cérebro ia brotando idéias.
-Pensei em mandar mais catástrofes na terra para eles virem o que estão fazendo. Os poucos que tentam desenvolver a sociedade acabam destruindo mais que tudo, só que isso dá é mais Ibop para programas da tarde da tv e jornais e revistas e isso não surtiria o objetivo desejado, então a natureza faz por si própria. Já pensei em fazer uma daquelas famosos matérias compradas da VEJA, ou uma reportagem especial no Domingo espetacular, tudo seria frustrante, quem sabe aparecer numa transmissão passando na lua? Não! O povo iria fascinar, isso se as classes dominantes não inventasses que é coisa dos comunistas e tudo ficaria por isso mesmo.
 "Por isso quero que fique aqui por mais um tempo", continuou, "pense o quanto puder e tente me ajudar a  fazer o arrependimento da vida perdida contribuir com o desenvolvimento  dos que continuam na terra, pelo menos assim vão mais rápido para o céu e alivia um pouco o fluxo aqui, lá cabe todos, aqui as coisas são mais complicadas." 
-Só preciso de um banho, papel e lápis, prefiro esquematizar meus pensamentos.- Tomou coragem para falar Dávida da Silva, ainda desconfiado da necessidade da ajuda do maléfico.
-Pensei que nunca diria isso, mas... "seu desejo será uma ordem". Tenho certeza que fará um bom trabalho... então, não me decepcione. 
Depois de um banho de horas, Dávida sentou em uma escrivaninha que arrumaram para ele e grandes blocos de papéis, então durantes as noites seguintes o lápis não parou de rabiscá-las nem por um segundo, afinal como disse o próprio dito cujo "esse era seu castigo": pensar.

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